Me pego cochilando por algum tempo e ao abrir os olhos, vejo como o sol está radiante. Me dirijo até a janela e dou uma ligeira passada de olhos pela areia. Quantas pessoas aproveitando as férias! Mas olha só, lá perto do rochedo tem alguém sentado sozinho, tão isolado!
Começo á imaginar o que faria com que eles estivesse lá ao invés de estar com as pessoas daqui de baixo. O que será que se passa com ele? Em que estaria pensando?
Realmente me vejo desocupada. Minha dor se torna tão forte que tento fugir de mim mesma mais uma vez pra não pensar em como estou. Fracassada!
Estou tentando aprender á ser mais racional, mas sempre tem uma ponta de desistência em tudo, antes mesmo de começar. Me sinto esgotada. Lamento abrir os olhos.
Um dia sonhei que poderia sorrir como antigamente. E foi então que me toquei que era sonho mesmo e, sonhos nem sempre se concretizam, a maioria fica ali e por isso recebem esse terno. São inalcançáveis.
Sonhos e sonhos. Um dia nos separamos, nos perdemos e nos esquecemos que o outro existe, pelo menos eu esqueci que existem sonhos e ele se esqueceu que eu existo. Há tempo não o recebo e por isso adquiri o hábito de viver comigo mesma, mas de forma distante, sempre! Conseqüência de uma vida.
Sempre afirmei estar bem, mesmo enquanto sofria. Sempre afirmei estar feliz, quando na verdade, estava deprimida. Sempre afirmei que estava tudo bem, quando na verdade estava caindo. Não nego, sou assim até hoje, é minha proteção, zelo por isso. Egoísmo? Nem é, egoísta é quem machuca o próximo, se proteger é mais questão de amor próprio do que egocentrismo. Me tornei o reflexo da minha auto-destruição, perecível garota.
Certa vez li que "de vez em quando você tem que fazer uma pausa e visitar a si mesmo." Realmente isso é preciso e me baseio nisso para seguir em frente, porém, visitar á mim mesma tem me trazido péssimos aspectos, e por isso estou aqui neste quarto até agora. Da mesma forma que se pode estar bem, em poucos segundo se pode ter uma queda. A vida prega peças e não temos controle algum do roteiro, somos apenas mais um personagem insignificante na vida de outra pessoa, bem como ela pode ser na sua.
A característica do meu teatro é o drama. Observo seriamente o que está em meu cenário e puxo na minha memória tudo o que preciso saber. Sei o que se passou e como tem que ser, mas não consigo seguir em frente nessa peça porque as luzes não refletem como teria que ser e meu brilho esperado esvainece.