Distraio-me com o céu nublado, ventinho frio da manhã.
7h da manhã e pessoas estão rindo na rua, pessoas conversam e eu continuo séria e sem entender o por que de as pessoas sorrirem em uma manhã.. as 7h da manhã! Me irrito com tanta efusividade.
Chego na sala e de repente me vejo com mais quatro alunas e a professora. Cadê todo mundo? Cadê a prova? Espero.
Mais alunas se aproximam e quem nunca me deu “oi” me cumprimenta com um ar feliz e um sorriso. Sorriso as 7h da manhã!
Começa a prova. Termino em instantes e me despeço dali.
“Doce, doce!!”, suplica minha mente. “Glicose glicose”, implora meu sangue.
Percebo o quanto as pessoas continuam sorrindo.
Passaram-se as 7h e já é meio dia e alguma coisa. Todo mundo terminou de almoçar e eu sinto aquela moleza pós-almoço, quase que um convite para a morte instântanea e momentanea. Resisto. E as pessoas continuam sorrindo.
Será que eu sou muito mal humorada ou as pessoas se sentem menos mal humoradas se derem risadas para que eu fique mal humorada? É uma reação em cadeia?
Mais um dia corrido chega ao fim e eu penso mais uma vez no que terei que entregar amanhã. Faculdade é uma coisa muito corrida.
17h e me sento aqui em frente do pc para fazer uma correção do teste e meu TCC. São 19h50, ainda com mal humor pelos sorrisos efusantes da manhã e as gargalhadas que ouço daqui do segundo andar.
Não sinto meu corpo reagir de acordo com o que deveria. Estou muito cansada mas tenho uma formiga interna querendo que eu dance, uma dor terrivel de cabeça pedindo para que eu largue tudo vá dormir e ao mesmo tempo um zumbidinho que me faz duvidar se serei capaz de adormecer, sempre me diz que terei uma longa noite de insonia.
Minha voz ecoa no vazio das vibrações de minhas cordas vocais. O som não sai e quando o faz, a rouquidão. Tenho muito à dizer e nada sai, fica preso aqui e quando consigo, não me escutam, o som é baixo o bastante para não fixar na mente das pessoas. Enlouqueço.
E as pessoas continuam sorrindo!