sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Apenas em meu caderno

Noite passada, parei para pensar em algumas coisas, obtive algumas respostas, mas outras insistem em ecoar.

Desde pequena sou cobrada quanto á minha forma de ser e agir. Desde que me conheço por gente ouço pessoas me dizendo que sou um tanto fria e indiferente, que não se demonstrar afeto algum, me tranco em minhas idealizações e não deixo ninguém participar dos meus sentimentos, saber o que meu coração sente até então.

Me recordo de “páginas de um diário sem tabulação” e analiso.

Na minha infância, sempre fui muito próxima á minha família, em especial, da minha mãe. Eu não tinha preocupações e poucas vezes precisei chorar por uma terceira pessoa. Minha mãe sempre estava lá.

Minha adolescência foi não foi muito fora do padrão de qualquer outra garota, com exceção de algumas determinantes que fizeram parte da vida de algumas outras, estas, tidas como anormais ou estranhas. Não me envergonho disso.

Sempre tive uma rotina excêntrica e nunca fui de ter muitos amigos, eram poucos e selecionados, além de que nenhum deles sabia ao certo que eu era, aliás, nem eu mesma sabia. Contava um pouco sobre o que eu fazia, como era minha escola, mas nunca entrei em detalhes da minha vida pessoal, cogitava isso de mim, não encontrava um motivo real pra falar de mim, aliás, quem se importaria?

Me perdi nesse tempo e não sabia como confiar nas pessoas. Todas me pareciam mesquinhas ou eu tinha impressão de que elas jamais se interessariam em ouvir sobre o que eu era e nem nada do tipo. Me tranquei em mim mesma.

Agora eu tenho vinte anos. Faço faculdade, sou elogiada quanto ao meu estágio, minha família sofre alguns conflitos, mas nada que outras famílias também não sofram, tenho amigos maravilhosos, namorado... mas ainda não me sinto plena.

Tenho dificuldade de me expressar, só consigo aqui e muitas vezes, as coisas que mais preciso falar não saem de outra forma, então, as escrevo e guardo. Parece tolice escrever e guardar, afinal, assim ninguém lerá, não faz sentido para muitas pessoas, mas eu não me sinto confortável de me expor desta forma.

Escrevi muito hoje enquanto aguardava minhas clientes. Estava lá, na sala de espera dos estagiários, estava apenas eu e o japonês do quinto ano. Ele parecia não estar bem, um tanto alienado sem conseguir escrever o resumo de sessão e eu ali, escrevendo compulsivamente algumas muitas páginas no meu caderninho da Pucca( sim, eu sou um tanto fechada e difícil de lidar, pareço bruta na maioria das vezes, mas também tenho meu lado “menina”).

Não sabia ao certo o que queria escrever, apenas escrevi. Não tinha um foco ou tema, mas precisava. Era uma coisa presa na garganta.

Escrevi contos, fábulas, vivências, parábolas e até um projeto de artigo pra TCC.

Minhas mãos tremiam e minha cabeça estava á mil. Sentia que se, de alguma forma eu não tirasse essa coisa que estava presa em mim, jamais conseguiria voltar para casa e agir normalmente, não conseguiria nem sequer sair dali, precisava aproveitar o momento de inspiração e silêncio para desabafar, e apenas aquele caderninho sabe o que tenho a dizer, é o único que sabe como estou, poderia transmitir o que é em um resumo.

Superficialidade.

Talvez seja essa a palavra que melhor descreva meu estado. Me prendo pela aparência para que ninguém perceba o que tenho por dentro. Volto á minha adolescência e ao diário.

Não quero fazer disso um drama, mas parece ser o rumo que está tomando, pelo menos aqui, mas agora não estou me importando com conseqüências, com o que podem pensar de mim por escrever isso ou se depois vão vir me perguntar se possuem alguma parcela de culpa por eu estar dessa forma, apenas quero aliviar um pouco e, já que não posso escrever neste blog tudo o que escrevi no caderno, faço uma prévia para quem possa algum dia vir á lê-lo.

Ao escrever este post, ouço a cantora Pink. Sempre me identifiquei com suas letras, comentei várias vezes aqui que ela fala por mim em muitas músicas. Agora está tocando uma que eu não havia prestado atenção na letra, mas agora a ouço cautelosamente. Por que tem que ser assim?



“Quando as minhas lágrimas começam a cair

Eu espio o que há por trás dessas paredes

Eu penso, ninguém sabe

Ninguém sabe, não

Ninguém gosta

Ninguém gosta de perder a voz interior

A que eu usava antes para ouvir sobre minha vida

Faço uma escolha

Mas eu penso, ninguém sabe

Não, não

Ninguém sabe

Não

Baby

Oh o segredo está seguro comigo

Não há nenhum lugar do mundo que eu pudesse ser

E baby não sinta como se eu estivesse totalmente só

Quem vai estar lá depois que o último anjo voar

E eu me perdi do caminho de casa

Eu penso, ninguém sabe, não

Eu disse, ninguém sabe

Ninguém se preocupa

Isto é ganhar ou perder, não como você joga o jogo

E a estrada para a escuridão tem um caminho

E sempre sabe meu nome

Mas eu penso, ninguém sabe

Não, não

Ninguém sabe, não, não, não, não

(...)

Ninguém sabe

Ninguém sabe o ritmo do meu coração

O que eu faço quando estou mentindo na escuridão

E o mundo está adormecido

Eu penso, ninguém sabe

Ninguém sabe

Ninguém sabe, apenas eu

Eu”

Nobody´s know - Pink



Não quero que minha história termine assim, também não quero que me pressionem, não quero nada além de paz, nada além de meu tempo de atender meus clientes sem que alguém cometa uma falta e eu corra o risco de sujar meu nome na clinica, nada além de um tempo para meus afazeres... nada além de um tempo para me conhecer e saber o que eu tenho em mente para mim, saber quem eu sou e onde posso encontrar de novo o caminho para casa.


And here we go again!!

Beijos da Samurai

2 comentários:

  1. Samuuu !
    que super UOU o seu post! rs*
    Eu gostei, me pareceu bem sincero..e confesso que num reparei nada disso em voce..seu sorriso ta smp no rosto e vc nao tem xiliques como eu ! hauihauihau

    Adorei seu post!

    Beeeijo, mulher!
    =*

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  2. clinica???

    isso me lembra que você me deve consultas, ahsuahsuahsu

    ah e ótimo blog, realmente se nao for uma espécie de diário você tem uma imaginação e tanto...

    bom um dia a gente se ve, e se cuida amiga.

    Abraçus

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