domingo, 19 de abril de 2009

"Nunca desista dos seus sonhos" - Augusto Cury - Parte 3

"Eu, que sempre criticara os políticos que num dia eram inimigos ferrenhos uns dos outros e noutro, amigos fraternos, comecei a perceber que essa flutuação era uma doença inerente ao psiquismo humano, em especial o dos machos. Só dependia do nível de interesse em jogo. Nuns a flutuação era visível, noutros, era submersa."

"— Sempre quis vender sonhos, instigar mentes, mas fui silenciada. Aborreço-me diariamente ao constatar que a sociedade atual possuiu um rolo compressor que massifica o intelecto dos jovens, aborta o pensamento crítico e os torna estéreis, meros repetidores de dados. O que fizeram com nossas crianças? —, indagou, indignada."

"Miserável preconceito! Quem me livrará desse câncer intelectual!”, pensei intimamente. ”Sonho em ser uma pessoa aberta e desprendida, mas sou incontrolavelmente resistente.”

"— Mestre, não venha com a história de que Jesus chamou de hipócritas os que limpavam o exterior do copo, mas esqueciam de limpar o interior. Sim, devemos enfatizar a higiene interior, mas sem desprezar a exterior. Seus discípulos banhavam-se no Jordão e nas casas onde eram hospedados. Mas olhe para você! Observe o grupo que o segue! Há quanto tempo não tomam um banho digno? Exóticos sim, mas fétidos não."

"— Não lhes peço para abominar o dinheiro, nem os bens materiais. Essa é temporariamente a nossa situação, mas o futuro ninguém sabe. Hoje dormimos sob viadutos e temos o céu como cobertor, amanhã quem pode prever? Peço-lhes, sim, que entendam que o dinheiro em si mesmo não traz felicidade, mas a falta dele pode tirá-la drasticamente. O dinheiro não enlouquece, mas o amor por ele destrói a serenidade. A ausência do dinheiro nos torna pobres, mas o mau uso dele nos torna miseráveis."

"— Felizes os humildes de espírito, pois deles é o reino da sabedoria. Mas onde estão os verdadeiros humildes, os que se esvaziam de si mesmos? Onde se encontram os que reconhecem a sua insensatez? Em que ambiente estão os que corajosamente admitem sua pequenez e fragilidades? Onde estão os que combatem diariamente o orgulho?"

"— Felizes os pacientes, porque herdarão a terra. Que terra é essa? A terra da tranqüilidade, os solos do encanto pela vida, o terreno do amor singelo. Mas onde estão os mansos? Onde estão os flexíveis? Em que espaços se encontram os que são amigos da tolerância? Onde estão os que lapidam a sua irritabilidade e ansiedade? Onde estão os que agem com brandura quando contrariados ou frustrados? Muitos não são dóceis nem consigo mesmos. Vivem debaixo de cobranças e autopunição."

"— Parem com a necessidade neurótica de mudar os outros. Ninguém muda ninguém. Quem cobra demais dos outros que de si mesmo está apto para trabalhar numa financeira, mas não com os seres humanos."

"— Felizes os que choram, porque serão consolados. Mas por que vivemos num mundo onde as pessoas escondem as lágrimas? Onde estão os que choram pelo egocentrismo que venda nossos olhos e nos impede de ver o que se passa na psique dos que amamos? Quantos medos ocultos nunca foram revelados? Quantos conflitos secretos nunca ganharam sonoridade? Quantas feridas nós causamos que nunca admitimos?"

"— Felizes os pacificadores, pois serão chamados filhos do Autor da existência. Mas onde estão os que apaziguam as águas da emoção? Onde estão os mestres em resolver conflitos interpessoais? Não somos nós peritos em julgar os outros? Onde estão os que protegem, apostam, se entregam, reconciliam, acreditam? Toda sociedade implica divisão, toda divisão implica diminuição. Pacificar não é, portanto, ensinar a matemática da soma, mas compreender a matemática da subtração. Quem não compreender essa matemática está apto a conviver com outros animais e com máquinas, mas não com seres humanos."

"— Peço-lhes que ampliem os horizontes da mente para respeitar, aquilatar e exaltar acima de tudo sua condição de seres humanos. Meu maior sonho é que possamos formar uma rede de seres humanos sem fronteiras em todas as nações, em todos os povos, em todas as religiões, em todos os meios científicos. Uma rede de seres humanos que resgate a natureza humana, o instinto de espécie que perdemos. A humanidade vive num caldeirão de tensão pela loucura da competição predatória, pelo desrespeito às regras internacionais do comércio, pelos conflitos sociais, pela devastação do meio ambiente, pela dificuldade de interiorização e de retorno às nossas origens. A Revolução Francesa ocorreu há mais de dois séculos. Falamos dela como se tivesse ocorrido ontem, mas quando olhamos para o futuro não temos nenhuma garantia de que nossa espécie sobreviverá mais um ou dois séculos."

"— Tenho milhares de defeitos, cometi mais erros do que vocês imaginam, mas a psicologia e a filosofia do Mestre dos Mestres é meu modelo. "

"— Você tem razão. Nada é mais utópico, imaginário, virtual, romântico. Mas retire a utopia e seremos máquinas. Retire a esperança e seremos servos. Retire os sonhos e seremos autômatos. Se os líderes empresariais e políticos pensassem como espécie, dois terços dos problemas da humanidade seriam solucionados em um mês. E isso não é utopia, um sonho virtual."

"— Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentido-se frágil, pensou consigo: ”A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. E mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão colabar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se faltar o néctar? Quem irá me socorrer?”. Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas como não tinha como sobreviver, morreu de um modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo mundo que tecera"

"Comam o que lhes oferecerem. Durmam na cama que lhes prepararem. Não discriminem ninguém. Se alguém os rejeitar, não resistam, tratem-no com brandura. Atuem como sócio-terapeutas. Dêem e recebam. Não dominem as pessoas, não defendam sua crença, não imponham as suas idéias, exalem sua humanidade. Perguntem, a quem encontrarem pelo caminho, no que vocês lhes podem ser úteis. Dialoguem com as pessoas, conheçam páginas secretas, desvendem seres humanos deslumbrantes entre os anônimos. Não os enxerguem com seus olhos, mas com os olhos deles. Não invadam sua privacidade, não a controlem, vão até onde eles lhes permitam. Ouçam-nos humildemente, mesmo os que pensam em desistir da vida, e os estimulem a eles mesmos se ouvirem. Se conseguirem ouvir-se, será muito melhor do que ouvirem vocês. Lembrem-se de que o reino da sabedoria pertence aos humildes."

Um comentário:

  1. Oi Samurai, não sei se você irá lembrar de mim é o Marcos Miorinni agora Marco Sistinne, ex-janelas e travessias, ex-PorentreLetras, ex-Oficina de Fragmentos ... ufa. Estou com um novo blog o Bula Literal passe por lá combinado ... fico te esperando.

    bjs
    Marco Miorinni
    agora Marco Sistinne
    ou simplesmente Marco :)

    em tempo: por sinal no Utube tem vários videos de entrevista com o Augusto Cury ...

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