sábado, 8 de novembro de 2008

Páginas de um diário sem tabulação - Parte II

Dentre tantos os conflitos que sofro diariamente, tenho sentido que há algo muito além disso, algo interno que insisti em persuadir em mim. Não aceito a idéia que tudo pode tomar seu determinado rumo sozinho. Tenho que lutar contra meus medos e meus anseios, mas não consigo, é algo acarretado desde muito tempo, tempo demais para que eu mesma não consiga encontrar seu início.
Sempre fui sozinha, nunca gostei de companhias. Fico horas trancada no meu quarto e passo a maior parte das minhas noites acordada, sentada na minha cama, com a luz apagada, olhando para o nada e muitas vezes, desabo á chorar. Não, não tenho motivos lógicos para fazer isso.. ou até tenho, mas não consigo chegar á eles. Já pensei que talvez fosse algo momentâneo, mas isso já acontece com uma certa freqüência e não sei como acontece, apenas sinto vontade e faço, não me questionem ou me rotulem como emo, depressiva ou qualquer outra coisa, não sou apenas mais um conjunto de células dando volume á um determinado espaço.
Sabe, daqui de cima da janela consigo sentir uma brisa aconchegante e envolvente. Sinto como se fosse um abraço que estava esperando alguém me dar, mas que até então, recusei. É, eu recusei, precisava dele sim, mas recusei. Queria algo verdadeiro e não apenas um abraço dado por alguém que sentia pena de mim, isso passa hipocrisia, falsidade... não estou preparada pra conviver com isso.. não agora. Fecho meus olhos e deixo com que a brisa trabalhe por si só. Ouço pássaros cantando bem próximos á mim, posso sentir a melodia de seu canto. Sinto uma paz interna que não vivenciava há anos. Sinto a pulsação do meu coração, sinto meus músculos relaxados como se todo este momento trabalhasse em meu prol.
Abrindo meus olhos, volto á paisagem exuberante da praia. Lá no horizonte há um barco. Me lembro muito bem de quando meu pai me levava até a enseada de tardezinha para ver os barcos. Eram tantos e tantos que eu me perdia em meus sonhos e não sabia ao certo se queria, naquele momento, ser uma marinheira ou uma pirata. Era fantástico! Poderia ser tudo o que eu quisesse ser em questão se segundos. Poderia ir á qualquer lugar, ainda que fosse inexistente, falar a língua que eu quisesse e tudo sempre estaria muito bem, todos sempre me entenderiam. Hoje em dia, por mais que eu tente, não consigo fazer com que isso se torne real. Parece que quanto mais eu grito, mas distante fica, mais eco dá, porém, não há o retorno que eu esperava.. quer dizer, até há, mas não é dado de coração. Não estou pensando como uma pessoa que sofre de mania de perseguição e nem nada não, estou apenas encarando a vida como ela é! Amigos de verdade eu não tenho, me sinto perdida, me sinto só..


Continua...

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