quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Páginas de um diário sem tabulação - Parte IV

Não a classificaria como uma adolescência totalmente calma, houveram algumas conturbações, não nego, mas não foi algo surreal, não gostava( e ainda não gosto) de lérias, eu poderia ser considerada um tanto casquilha quanto ás minhas vestimentas, talvez pelo excesso de preto, correntes e outros adereços que poderiam vir á intimidar, quase que uma agressão visual... eu sabia que isso chamava muito a atenção e, apesar de sempre me vestir dessa forma com a intenção de me camuflar, me esconder, fazia do mesmo jeito! Gostava de mostrar que tinha coragem para vestir o que me desse vontade, me maquiar abusando da sombra preta e camadas extravagantes de rímel, não me importava com o que fossem pensar de mim, afinal, era minha vida, não prestava satisfação á ninguém! Com o tempo, vi que não ficaria apenas nisso. Sim, as pessoas julgam, pela aparência e por mais que eu ignorasse, com o tempo surgiam imposições e tive que me adaptar á elas. Hoje vejo o quanto arrisquei minha vida com isso e o quanto as pessoas ao meu redor continuam a arriscar. Tenho fé, acredito em suas mudanças por menores que sejam e por mais insignificantes que sejam aos olhos alheios. Pertencer á uma tribo, fazer pose de mal, abusar da aparência para causar impacto ou medo não passa de uma mera frustração. É sim, mera frustração! Você não acha isso agora por ainda não ter refletido, mas toda pessoa que se difere pelo externo faz isso com o intuito de proteger o interno! Tem medo de sofrer, medo da realidade, medo de não ser reconhecido, medo de ser só mais um, faz pra ir contra os conceitos da família, dos amigos.. nunca faz por si só. Viver do lado negro não é uma coisa que se deseje, é algo que é optado por influência ou momentos repentinos de birra de adolescente com medo de crescer, de deixar seu mundinho infantil para encarar a realidade e acaba entrando em conflito consigo mesmo, não sabe se corre para a liberdade ou prefere o aconchego de um lar familiar e acaba expondo esse drama em “hábitos” que dentre poucos anos, irão lhes fazer pensar no quão estranhos já foram. Posso afirmar, sou exemplo vivo disso! Não me arrependo de como fui na adolescência, mas hoje rio de mim mesma ao pensar nas maluquices que eu usava(na verdade, ainda uso, com menos freqüência, mas minha meta é mudar isso por completo!).
Nem sempre a sensatez e a coerência andavam comigo, porém, uma coisa eu tinha certeza de que nada e nem ninguém poderia desviar de mim.. meu pensamento, minhas idéias, o meu verdadeiro eu. Sabia que por mais tola que eu fosse, ou mais incrédula que parecesse, blasfemar não seria a solução para nada. Foi então que aderi uma nova filosofia de vida, a de que nem tudo nessa vida é perfeito a não ser que eu tenha isso guardado do meu mais íntimo, onde só eu mesma tenha conhecimento e pudesse selecionar as pessoas nas quais eu gostaria de compartilhar meus segredos e vivências. Isso pode parecer um tanto egocêntrico, mas é a mais pura verdade, aprendi com a vida, com o tempo, meu maior e mais sábio mestre, e assim tem sido meu pensamento desde então. Resmungar não faria de mim alguém menos pior ou alguém superior o suficiente para não ter ao menos um pingo de compaixão ao ouvir pessoas me criticando e não ter sentimento algum relacionado á pena quando as xingava.
Sempre morei na mesma cidade, na mesma casa, estudei sempre no mesmo colégio, com as mesmas pessoas e acredito que isso, influenciou e muito minha vida atualmente. Se sou incapaz de mudar minha rotina ou coisas materiais (mera futilidade), por quê teria para mudar quem sou? Não compreendo, não vejo uma lógica, um raciocínio.. também não entendo a minha associação da mudança da minha rotina com o que sou! Aff, volto a me perder com meus pensamentos inúteis! Por quê eu sou assim?
Chega!! Não me entendo mais, não sei nem mais o que estou falando! Acho que já é hora de fechar essa caixa novamente e dessa vez, trancar essas páginas avulsas de um diário e esperar até que algum dia, eu possa voltar a encontrá-las e, quem sabe, completá-las com algumas linhas de palavras que valham a pena alguém ler e entender um pouco sobre o que um dia cheguei a ser, e o verdadeiro porque de eu ter cometido tal erro na minha vida.
Me despeço mais uma vez dessas recordações tão tristes e sentimentos que eu deveria ter tentado expressar, porém, meu orgulho falou mais alto e preferi guardá-los só para mim, em um sentido não muito inteligente, um egoísmo que não saberia definir em poucos parágrafos e que, em poucos anos de vida, me consumiram, me corroeram e já fizeram marcas tão profundas e sem tentativa alguma de cicatrização.
Sem mais!



And here we go again!!!
bjus da Samurai

2 comentários:

  1. É que estou aprendendo com a Tia Samu, rsrs. O q está lá é uma coisa rara da Aline fazer...e brigada pelo carinho!
    Bjs

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  2. Samu! Essa parte ta mais legal do q a anterior, tá menos deprê! rs* É sério..ficou legal mesmo! (= Só acho 'engraçado' esse seu jeito de 'falar' da sua adolescência como se fosse algo taao distante de ti..
    mas adoroo esse jeito como voce escreve!

    Beijoo
    ;**


    pS: valeu por me ouvir falar sem parar hj..eu tava precisando mesmo =T

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