segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Páginas de um diário sem tabulação - Parte III

...me sinto realmente só, um vazio que por mais que eu procure preencher, simplesmente não consigo! Constante vontade de chorar...
Dentre tantos devaneios da vida, hoje veio que as coisas não são mais como de quando eu era apenas uma menina, onde eu poderia viver fechada no meu mundinho e fantasiar, onde escolhia quem entrava e quem saia dela. Sentia-me triste, mas era aquela coisa passageira, sabia que não passaria de apenas uma tarde. Hoje, já não posso dizer o mesmo. Parece que quanto mais passam as horas, mais aflita me sinto por não obter uma resposta. Não precisa ser imediata, mas bem que poderia aparecer, né?
Neste momento meu celular está tocando, sei que é uma ligação importante, mas não quero atender. Chega de ouvir reclamações ou chamados. Quero me desligar do mundo, quero tentar seguir sem que nada possa me atrapalhar. Sei que isso é o mesmo que pedir para ganhar na loteria, mas de que vale a vida sem os sonhos?
Não sei exatamente o porquê de eu estar aqui, sentada numa janela, revivendo a minha infância e repensando o meu presente. Talvez não seja a melhor coisa para fazer, mas sei lá.. prefiro fazer isso á tentar esquecer e sofrer internamente.. expondo me sinto mais confiante, mais segura. Não sei ao certo como EU funciono, não tenho um manual de instruções, acho que vim direto da pirataria, de algum beco no Paraguai ou qualquer mini-fábrica caseira.
Por que meu celular não para de tocar? Ainda insistem em me ligar, por quê? Esse som está se fazendo entorpecedor, atormentante!!! Quer saber??? Eu vou dar um basta nisso!! Levanto da janela, pego meu celular, desligo e o jogo em cima da cama. Não quero ver ninguém, não quero conversar com ninguém. Seria mesmo tão difícil assim entender isso?
Ok... não adianta ficar assim, eu sei. Vou voltar á janela, quem sabe lá eu não volte á me sentir melhor e consiga relaxar ao ver o pôr do sol!
Agora sim, retomemos ao ponto. Minha infância me carece, sinto que fiz e tive tudo o que uma criança sempre quis, mas ainda assim, parece que sinto falta de algo que ainda não defini.
Minha adolescência? Até foi agradável!! Tive meus momentos de revolta, não vou negar, mas se comparado á adolescência descritas por ai, acredito que a minha foi um tanto tranqüila. Estudei, fiz cursos, nunca fui muito de sair, nunca fui de andar em bandos.. sempre preferia a solidão. Me isolar de tudo e todos, esquecer o que acontece á minha volta. Um tanto que egoísta se for ver bem, mas fazia por não querer me ferir, não querer que terceiros, de alguma forma, me machucassem mais do que já estava. Bastaria os meus problemas do cotidiano, não agüentaria viver com um problema novo a cada minuto, um novo motivo para chorar ou me magoar. Não era esse tipo de coisa que eu estava buscando.


Continua...

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