domingo, 28 de dezembro de 2008

Páginas de um diário sem tabulação - Parte V

Não quero mais sofrer, não quero mais buscar respostas para minhas dores. Não quero continuar aqui.
Me levanto e caminho até uma mala. Nem me lembro das coisas que deixei aqui, da última vez que visitei esse quarto. Nossa, é minha mala! Sim, são as coisas que usei na minha adolescência! Minhas correntes, minhas maquiagens, meus braceletes, minha munhequeiras. Há quanto tempo não via essas coisas!! Minha adolescência não foi o melhor período da minha vida, mas em todo caso, vamos ver se consigo reviver pelo menos algo de bom.
Aqui tem uma foto em um porta-retrato com uma moldura azul. É um ex-namorado. O que mais amei e mais me iludi. Pensava que ele me ama tanto quanto eu o amava, e por fim, não sentia nada, absolutamente nada, nada além de atração física. Sempre sofri muito com isso, os caras nunca se interessaram por mim, apenas pela minha aparência. Fique presa quanto á isso, insegura. Não me deixava envolver por já saber o final, mas com ele sentia que seria diferente, mas me deparei com a desilusão de ele ser igual á todos e só ter brincado com meus sentimentos. Me corroi. Me martirizei, me doeu profundamente. Meu mundo caiu quando me vi sem ele, quando parei para pensar em tudo que me doei e que nada disso teve um valor.
Por que eu tinha que achar essa foto? Meu grande amor me deixou e sinto que não tenho mais como retomar isso, como voltar a ser a mesma mulher de sempre. Não consigo, não me fixo.
Apesar do tempo, ainda sinto tudo como se tivesse acontecido hoje. Quanto tempo levará para que tudo se ajeite? Quando será que eu realmente serei vista pelo meu conteúdo e não pela minha aparência? Nessas horas, me perco novamente...
Uma lágrima rola em minha face. Meu coração está apertando, mas por que isso? Não quero sofrer de amor, não quero viver assim!!
Odeio você, odeio te ver, odeio te sentir perto de mim, odeio sua presença, odeia tudo o que me faça lembrar de você! Sabe por que? Porque antes de te odiar, eu odeio á mim mesma. Me odeio por ser vulnerável, me odeio por pensar que ainda há pessoas que me avaliem como eu queria, me odeio por ter me tornar uma sonhadora, me odeio por ser quem sou.. a mesma menina fraca que sofreu de amor antes de te conhecer, a mesma menina ingênua que, apesar de dizer que não, sente falta de um amor verdadeiro, de um carinho, de alguém para partilhar sua história, de alguém que invada sua vida e a modifique como nunca ninguém foi capaz de fazer... me odeio por ter e ainda estar te amando... me odeio por ser quem sou, com tudo o que possuo e por tudo o que sonho.. odeio minhas escritas, elas sempre giram em torno de você, odeio olhar para cera de cabelo por você usar, odeio ver as minhas fotografias com fantasia de palhaça, odeio estar sofrendo quando poderia ter evitado tudo de principio e ter continuado a ser a matrona de sempre.
Quero sair desse mundinho fantasiador. Quero ser um novo alguém. Quero buscar toda aquela ânsia que tinha de viver. Quero voltar a sorrir como antes. Quero ser eu mesma antes de te conhecer, mas não consigo! Me sinto frágil, me sinto só... por quê eu sempre tenho que sofrer tanto? Por quê não consigo ter uma vida mais agradável, um lar mais estável, um amor correspondido?
Estou determinada á mudar! Sim, já estou mudando! Chega de ser boazinha com todo mundo, chega de chorar á escondidas, chega de ser essa.. essa... coisa!
Desisto dessa foto. Vou jogá-la com todo o resto das minhas lembranças ruins do alto desse apartamento. Quero me libertar, quero esquecer de tudo e todos, quero me isolar mais do que nunca agora. Quero chorar por horas incansáveis e depois, sair correndo sem destino.. correr para onde ninguém mais possa me achar e eu possa viver sozinha. Meu coração está chorando, meu corpo está tremendo, meus olhos já não sabem como passar solenidade.



Comentário á parte: Sei que tinha decidido pôr um fim nessas páginas, porém, sinto que hora de retomar essa história.. esse é meu segundo post do dia de hoje e acredito que ainda terei muito mais á dizer... se em 1 hora já senti tamanha dor e necessidade de escrever, ao longo do dia não será diferente. Me desculpem, caro sleitores, quanto á minha melancolia.. mas pensem pelo lado positivo.. a única forma de eu escrever algo com conteúdo é dessa forma, sofrendo, com sentimentos que não desejaria que ninguém vivesse!

Nenhum comentário:

Postar um comentário