segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Crônicas de um conhecimento – Parte II

Ouço o sino da capela á soar. Hora de descer.
Ao chegar lá embaixo, um dos cavaleiros me avisa que a tal moça do povoado vizinho já chegou, e está á minha espera na ponte do lago norte. Fui até lá, e lá estava ela, sentada na ponte com o olhar fixo no horizonte. Me aproximo aos poucos e sento ao seu lado. Ela olha para mim com uma expressão indecifrável, não sabia ao certo entender como ela estava. Sorri para ela e ela, me retribuiu. Começamos a conversar. Vi que ela sentia-se um pouco insegura para falar de si, mas sabia que havia algo que ela precisava dizer e iria dizer uma coisa ou outra, que pra mim, já bastaria, já seria o suficiente. Não se precisa dizer como o sol nasce para que se entenda o pôr-do-sol.
Ela estava ali, presa em seu interior. Talvez isso tenha lhe feito mal por todo esse tempo, talvez, esse tenha sido o segredo para seu amadurecimento tão premeditado. Ou talvez não tivesse se libertado por não ter entendido um sentido para isto. Ou quem sabe, não o fez por ainda estar se sentindo machucada. Coisas que apenas ela poderia sentir, apenas ela poderia ser e apenas ela poderia decidir o rumo.
A cada frase por ela formada me sentia emocionada. Somos de povoados diferentes, criações diferentes, somos moças diferentes, porém, somos iguais. Sentimos o coração ressoar muitas vezes ao longo de nossas histórias, sentimos seu pulsar mais forte ao pensarmos em nosso passado. Por muitos anos nos deixamos sofrer e choramos com lágrimas de sangue. Por muitos anos... anos que nos dói lembrar, mas é preciso. Curar dores do coração é um gesto de valentia e somente aqueles que possuem a luz guardadas em si, são capazes de realizar. Sentia essa luz dentro dela.
Palavras de emoção, palavras de sabedoria, palavras jamais exposta daquela forma foram transmitidas de seus lábios para mim. Uma sintaxe de amadurecimento e responsabilidade, uma espera, um ideal. Palavras que buscavam alguma outra que se perdia ao longo do caminho. Uma palavra que era essencial. Palavra que constantemente insistia em lhe abandonar.
Ouvia atentamente e logo me pronunciei:


“Não, não deixe que te tenham como um espelho! Olhe para o céu. Está vendo aquele ponto brilhante? É um ponto único. A qualquer hora, esteja o sol tomando o céu ou a lua, ele estará sempre lá, ao contrário dos outros que só aparecem junto com a lua, e se escondem quando o sol aparece. Acredite que aquele ponto vive em você. Ele é essa luz que há em seu coração, simbolizado lá no céu, para que você nunca esqueça o poder que ele traz. Ele é único e eterno. É o Pai de todos os outros e de tudo o que por aqui. Quando se sentir mal, olhe aquele ponto e peça forças á Ele. Peça para que te guie e vá habitar o coração dessas pessoas que te fazem mal, compartilhe sua “luz” com eles.
Você é boa em muitas coisas, não deixe que pensamentos te façam corroer e nem os abandone por ter aderido seus mals momentos á ele, ao contrário! Tudo que você acreditar ter um real talento, prossiga! Se te serviu quando houve a queda, te servirá na sua caminhada. Transforme momentos não tão agradáveis nos mais maravilhosos de sua vida. Aproveite cada detalhe, cada coisa que você desenvolveu ao longo de sua vida independente do passado.”

Nesse instante, a moça me agradece e me direciona uma frase de grande valia:

“..vc veio pra ajudar a descobrir a chave.”

Chave. Isso, a chave!
Há mais mistérios dentro de si do que parece. Portando a chave, caminhe-a para dentro de si, abra seu coração e veja a luz. Deixe-a te guiar, siga-a.
Eu posso ter ajudado, mas só foi possível por ela ter se mostrado, quer mostrar quem se é, e pra isso, só basta alguém disposto a ouvir e compartilhar o que se sente. E essa conversa, já é a maior prova do quanto essa moça cresceu, se conheceu ainda mais podendo expor isso pra alguém que quase não teve contato, porém, foi apta á se confiar, pelo menos em seu conceito. Ela se deu essa chance.

“Cada pensamento que você guarda age de um jeito, como há dois lados, as conseqüências podem ser maravilhosas, como também podem causar um reboliço e tanto em você. Saiba que és única! Lembre-se sempre disso.
Selecionamos quem pode entrar em nossas vidas e quem gostaríamos de compartilhar histórias, quem gostaríamos que realmente nos conhecessem. Esses sim são dignos de se ouvir o que pensam de nós e de todo o resto que nos cerca, porque eles te conhecem, sabem quem você realmente é, conhecessem seu interior, sua essência. No momento em que estiveres confusa, perdida.. eles te ajudarão a achar uma saída, te ajudaram a retomar a consciência, e a luz que tú guardas em seu coração, resplandecerá ainda mais reluzente, capaz de fazer-te sentir novamente como sempre fores.”


Continua...

Um comentário:

  1. Sim, "não se precisa dizer como o sol nasce para que se entenda o pôr-do-sol."
    E vamos sonhando pela era medieval!
    Bjooooooooo!!!!!!!

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